Jalapão

 

Jalapão 2003
Resumo
Diário de Bordo

Resumo da Aventura

Se você acha que é impossível para duas pessoas, moto e mais as bagagens darem a volta no Jalapão em cima de uma DR800, acompanhe nesta relato como que Rafael Viapiana Padilha e Liliane Orsi Santiago realizaram o sonho dessa grande aventura.

O roteiro percorrido começou em Indaiatuba-SP no dia 9/Agosto e terminou no dia 23/Agosto, e teve por objetivo chegar em dois lugares turísticos: Jalapão, localizado no estado de Tocantins e na Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Do ponto de partida, Indaiatuba-SP, saímos cedo, para estarmos no final da tarde em Goiânia-GO, após 872 km. Uma pouco puxado, mas com trechos tranqüilos, como por exemplo a Rodovia Anhanguera e outros nem tanto como nos 92km que separam Uberaba a Uberlândia nas Minas Gerais. Como a intenção era ficar o maior tempo possível nas atrações, no outro dia encaramos a movimentada BR153, que após rodarmos mais 678km paramos em uma pequena cidade no estado do Tocantins, chamada de Aliança do Tocantins. A previsão inicial era de dormirmos em Ponte Alta-TO, que estava a 274km à frente, mas devido à saída tardia de Goiânia, o cansaço causado por alguns trechos da BR153 e o calor que nos castigava tivemos que parar antes.

No terceiro dia, cumprimos o trecho faltante do dia anterior e chegamos em Ponte Alta-TO por volta da hora do almoço. Passamos por lugares muito bonitos após sairmos a direita da BR153, o movimento reduz-se bastante e passa-se por sobre o caudaloso Rio Tocantins. Até chegar-se em Ponte Alta, pega-se um trecho de 20 km em obras de asfaltamento.

Ponte Alta é o portal do Jalapão e aqui é necessário se abastecer do que for necessário, principalmente água, muito consumida devido ao intenso calor e a baixa umidade do ar, alimentos e combustível. Compramos nesta cidade água e 1,2litros de gasolina extra, devidamente acondicionada em garrafas de 600ml de refrigerante.

Entramos nas estradas de terra do Jalapão em direção a cidade de Mateiros-TO, após o almoço, onde após 15 km percorridos de Ponte Alta, tem-se a primeira atração a Gruta Sussuapara que fica a apenas 50 metros da estrada. Esta tem cerca de 60m de comprimento por 15m de altura e tem incrustadas na rocha arenitica muitas samambaias e musgos. Aproveitamos para descansar um pouco e nos refrescarmos com a agradável temperatura no interior desta. Dali partimos em direção a Cachoeira do Lageado, distante 20 km da gruta. O acesso é feito por uma saída a direita da estrada, sendo que da saída percorre-se um trecho de 3 km de muita areia até a cachoeira. Esta é uma sucessão de quedas, com água bastante limpa. Ali acampamos, debaixo de uma lua inesquecível.

No quarto dia estava inclusa uma visita a Cachoeira do Brejo da Cama, que ficava mais 3km a frente do Lageado, mas dado a areia muito fofa na estrada, deixamos esta para uma próxima oportunidade. O visual da estrada vai se modificando, com a vegetação do serrado e chapadas ao fundo. O movimento também é quase nulo, daí a necessidade de levar alguns itens básicos para manutenção em caso de uma emergência. Percorridos mais 55 km, sendo que dentre estes alguns bastante ruins, com poços de areia fofo e pedras pontiagudas, chegamos a Pousada do Jalapão. Ali é o ponto de entrada para a Cachoeira da Velha, que se encontra dentro da área da pousada a 9 km desta, portanto paga-se uma pequena taxa para visitação. A pousada é um oásis no meio do cerrado e cobra um preço elevado por causa disso, apesar de oferecer uma séria de amenidades e pensão completa. Devido ao nosso cansaço resolvemos pernoitar e com isso aproveitamos a tarde na Cachoeira, a maior do Jalapão, com cerca de 100m de largura e também na Prainha, que é uma praia natural do Rio Novo após as cachoeiras.

No dia seguinte, o quinto dia, saímos da Pousada do Jalapão, tendo como primeira parada a Ponte do Rio Novo, distante 68km da pousada. Ali existe uma pequena infraestrutura, com um camping e a Escola do Rio Novo, onde se pode comprar sorvete, gelo e água. Também é outro local de banho, com uma bonita praia de rio. Ficamos ali nos refrescando do forte calor. No meio da tarde rodamos mais 11 km até a entrada para as Dunas. Nesse trecho a estrada piora bastante, com muitos poções de uma mistura de pó com areia. Devido as dificuldades, deixamos a moto na beira da estrada e seguimos os 5 km restantes a pé. Lá pudemos observar o bonito por do sol nas dunas que tem até 40m de altura de uma areia dourada. O trecho restante, de 30 km até Mateiros foi percorrido durante a noite. Recomenda-se muita atenção nesse trecho pois foi o pior de toda viagem, com direito a alguns tombos, moto encalhada no areião e pó, muito pó!

Mateiros é uma cidade simples, mas que tem uma relativa infra-estrutura, com combustível vendido em garrafas PET, duas pousadas, restaurantes e mercearias. No sexto dia, compramos alguns alimentos e gasolina e seguimos em frente em direção ao fervedouro, distante 24 km. Ah Fervedouro, é difícil de explicar, mas você flutua como se tivesse alguém empurrando você. A sensação é deliciosa com a areia lhe massageando e a agradável temperatura d'água. Depois seguimos em direção a Cachoeira da Formiga, que dista 10 km do fervedouro, sendo que 7 km desses tem trechos de areiões bastante intensos, onde tivemos mais alguns tombos. Passado o sufoco, pudemos nos deliciar com uma cachoeira de uma beleza impressionante e águas mais do que cristalinas. Partimos dali em direção ao nosso ponto de pernoite, a cidade de São Felix do Jalapão-TO, distante 59 km da Cachoeira da Formiga. A estrada melhora, mas tem-se que tomar cuidado com as pontes de madeira, algumas em estado bastante precário. Em São Felix, tem-se uma estrutura para o turista muito pequena, com uma única pousada bastante simples, em compensação tem-se posto de combustível.

O sexto dia de Jalapão foi reservado para percorrer a estrada até Palmas-TO, mas antes tivemos a oportunidade de conhecer o Fervedouro de São Felix, melhor e maior do que o fervedouro de Mateiros, sendo que este não consta em nenhum guia do Jalapão, somente os nativos o conhecem. Neste trecho, até a cidade de Novo Acordo-TO, percorre-se 149 km de uma estrada em obras de recuperação, que alterna trechos razoáveis com trechos de costelas de vacas de fazerem cair às obturações dos dentes! A paisagem muda bastante em relação à parte sul do Jalapão, com vegetação mais densa, mais serras e formações rochosas ao longo da estrada. Aqui também existe mais movimento na estrada, devido as grandes fazendas que a margeiam.

Novo Acordo é um bom ponto de apoio ao viajante, com mercados e posto de combustível. Dali em diante a estrada está sendo asfaltada, portando tem-se muitos desvios, entretanto permite-se imprimir uma maior velocidade, dada às boas condições da mesma. Percorrem-se 116 km de Novo Acordo até Palmas, onde fechamos a volta no Jalapão com quase 600km de pura emoção, mas de belezas naturais inimagináveis.

Conhecemos Palmas e suas largas e planejadas avenidas no sétimo dia e nesse mesmo dia já chegávamos a Alto Paraíso de Goiás-GO, após 696 km, onde nos quatro dias seguintes nos dedicamos a conhecer a Chapada dos Veadeiros com suas cachoeiras e exuberante vegetação. Também pudemos nos recompor fisicamente nas águas quentes de Caldas Novas-GO, distante 558 km de Alto Paraíso, por dois dias.

Dezesseis dias depois estávamos chegando a nosso ponto de origem, após ter percorrido a quilometragem de 4850 km, por um dos mais belos e inexplorados trechos deste país tendo a certeza de que a aventura valeu a pena, deixando aquele gostinho de quero mais e dizendo a todos aventureiros de plantão: O Jalapão é Possível!

 
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