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27/Janeiro/2001 - sábado
San Pedro de Atacama (Chile) -Toconao (Chile) -Penie (Chile)
Motorista: Rafael
Motorista: Giusti (últimos quilômetros no salar)
Km inicial: 12954 km
Km final: 13309 km
Km percorrida: 355 km
Condição de tempo: bom - com sol e temperatura alta (como sempre)

Aqui no deserto, a temperatura varia de forma estranha: já sabíamos que a noite esfria, depois que o sol se vai; o que não sabíamos é que, depois das 4 hs da manhã, a temperatura volta a crescer de forma absurda. Dormimos ontem às 23 hs com 5 cobertores; às 3:50, quando todos acordaram para ver o Gêiser, tivemos que tirar todos os cobertores pois o calor já era intenso (e o sol ainda não tinha nascido). Coisas do deserto.

Acordamos às 10hs, tomamos café sob uma temperatura muito agradável (a sombra) e, como eu havia feito um curativo em meu dedão direito, não calcei sapatos. Tiramos o máximo de tralhas da S10 e saimos sob sol forte. Fomos à oficina de informações que ontem estava fechada para vermos programas onde anda-se menos.

Passamos direto pela Aduana, pois não cruzaríamos a fronteira com a Argentina, em direção à Toconao (38 km de estradas pavimentadas). Sudoeste é a direção do solar de Atacama, a 65 km de San Pedro. A 3 km da saída, há um centro de informação ambiental do Chile da CONAF (Corporación Nacional Florestal) onde um guarda parque muito prestativo nos deu boas dicas, mas sem mapas.

Ás 12:30hs chegamos a Toconao (550 hab), com casas de pedras (algumas construídas com paralelepípedos perfeitos, as liparitas, de origem vulcânica). Apesar do sol a pino, o vento refrescante nos dava um relativo conforto. Eles tem um sistema de irrigação intricado que garante uma bonita praça, arborizada e com uma igreja (San Lucas) com a torre dos sinos separada). Compramos artesanato local (tem muitas roupas de lã e llama e pequenos objetos feitos de pedra vulcânica) de pedra pois estamos cercados de vulcões por aqui (alguns ainda em atividade).

Fomos a Quebrada de Jeria, sob sol muito forte. Deixamos o carro em algumas pedras pois quase atolamos na areia fofa – e descobrimos que é um pequeno jardim, feito de um caminho que margeia um pequeno curso de água mas que, para as pessoas daqui, deve ser interessante passar por entre arbustos e árvores – não demos muito valor àquilo. Quando voltamos ao carro, nosso termômetro marcava 52ºC! Toconao é uma cidade que parece um oásis como todas por aqui, com o imponente vulcão putana como pano de fundo.

Após 2 km de Toconao, entramos para o Salar de Atacama, onde as águas da chuva e do degelo andino e da cordilheira Domeyko descem das montanhas e não tem para onde escoar, evaporando e deixando seus sais no solo do salar. Nas lagoas salobras, vivem os Flamingos, enormes aves com plumagem branca e vermelha que completam o visual. Além de flamencos (como são chamados por aqui e dão nome ao Parque Nacional Los Flamencos), pequenas aves ficam ciscando em busca de não sabemos o que naquele lugar insalubre. Há três tipos de flamingos: os andinos, de James e do Chile. Abaixo das lagunas, grutas de sal formam-se em baixo do solo.

Chegamos às 13:44 à Laguna Chaxa (Parque Nacional Los Flamencos). A entrada, que custa 2000 pesos, tem apenas um guarda parque e uma casinha simples para ele. Há um caminho de 1 km até a estação meteorológica que passa por entre as lagoas cheias de flamencos chafurdando o chão de sal. É possível pisar no chão branquinho tomado pelos cristais de sal. O gosto é mais e lama que de sal, mas a aparência é sal.. Após meia hora sob sol escaldante (muito protetor solar e camisas, calças compridas) e recuerdos de sal, saímos às 15hs para Socaire.

Socaire é uma cidade mais simples que as demais e sem nenhum atrativo. Somente a 50 km ao sul por uma estrada bem pedregosa, chegamos a 4260 metros (até a nossa S10 sentiu esta altitude perdendo um pouco de potência e esfumaçando bastante) na maravilhosa laguna Miscanti (também pertencente ao parque nacional). Às 17 hs, tiramos espetaculares fotos das Lagoas Miscanti e Meñiques onde as águas azuis contrastam com as montanhas de cumes brancos por de trás.

Somente com um veículo 4x4 seria possível chegar por aqui. O tempo estava muito claro e o sinal do GPS pegou sinais altíssimos de 9 satélites ao mesmo tempo! Subimos por uma trilha por de trás da lagoa e chegamos a 4350 metros de altitude, depois de ver uma llama e um caminho entupido de pedras. Há um vale muito curioso pela frente e, se não fosse o horário (18hs), poderíamos subir facilmente até os 5000MSNM. Temos ainda 50 km de péssima estrada e 105 km até o hotel. Pensamos em passar pelo salar ainda durante o dia e ver o por do sol no Valle de La Luna. Tiramos várias fotos do Cerro Miscanti, com seus 5622 MSNM.

Chegamos ao fim da trilha com a S10 após meia hora: 4416 MSNM, com uma área demarcada que parecia ser um curso de água subterrâneo pelo barulho.. Os copos de água que estávamos levando estavam explodindo com a baixa pressão do lugar – abri-los era uma aventura! A cabeça pesa a esta altitude, dando uma lesera que faz com que tenhamos até sono.

O lugar (23:46:24S; 67:45:39W) também é tão bonito que voltar é um esforço e tanto. Mas a noite chega e temos muitas outras coisas para fazer ainda – no caminho de volta ainda temos que passar pelo salar por uma estrada que não sabemos como está. Às 18 hs ainda estávamos à beira da lagoa procurando por uma fonte termal que o guarda parque disse que teria por ali. O solo era esturricado pela alta concentração de sal e o carro andava muito bem (apesar de estarmos com 4x4). A lagoa não é tão fria. Voltando do altiplano, tiramos uma outra foto a 4000 metros de altura da planície que nos aguardava.

Chegamos em Peine às 19:50 e a única coisa interessante é a arte rupestre que fomos conferir em umas cavernas ao lado da cidade. Há pinturas na pedra de pessoas com dardos e camelos que indicam serem caçadores. Estas datam de 3000 a 2000 A.C. Voltamos em direção ao salar onde chegamos por volta das 20 hs por uma estrada de sal muito boa onde chegamos a 120 km/h. A volta pelo salar é muito bonita pois tudo é branco até chegarmos à CIA de Lítio que forma grandes montes brancos de sal retirados do salar que fica marrom como o resto do deserto.

São 21hs e não cruzamos por inteiro o salar, que tem mais de 70 km de extensão. As indicações da pista eram confusas e, por um instante achávamos que estávamos indo a Baquedano, o que representa votarmos à Panamericana, próximo à Antofagasta. Após algum stress, achamos finalmente a derivação ao Norte para San Pedro (como estava no mapa). À nossa esquerda, na Cordilheira da Costa, muitos relâmpagos clareavam o deserto totalmente escuro (exceto pelas luzes das mineradoras de sal) e silencioso. Às 21:30hs começou a chover fraco (faltando ainda 80km para o hotel).

Chegamos somente às 23:30hs em San Pedro pois a estrada tinha alguns trechos quase intransitáveis, com poucas indicações de rota e nenhum ponto de referência a não ser o GPS.

Para variar, a cidade estava sem luz (cidade vaga-lume) e o banho já estava frio pois só é aquecido das 18:30 às 23hs. Ficamos assim mais um dia sem tomar banho! Fedidos mas ainda vivos, comemos uma super sopa de cebola com chá de camomila para acalmar preparados pelo maitre Rafael.

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