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26/Janeiro/2001 - sexta-feira
Calama (Chile)- Chuquicamata (Chile) - Calama (Chile)
Motorista: Claudio
Km inicial: 12723 km
Km final: 12760 km
Km percorrida: 37km
Calama (Chile) - San Pedro de Atacama (Chile)
Motorista: Rafael
Km inicial: 12760 km
Km final: 12868 km
Km percorrida: 98 km
Arredores de San Pedro de Atacama
Km inicial:12868 km
Km final: 12954 km
Km percorrida : 86 km
Condição de tempo: bom - com sol e temperatura alta

Acordamos às 7:30hs para visitarmos a maior mina produtora de Cobre do mundo – a mina de Chuqui como é chamada por aqui carinhosamente a COPELCO. Percebe-se a importância da mineradora por aqui a começar pela cidade de Chuqui, montada à beira da mina (e que em breve tornar-se-á apenas um monumento pois as pessoas mudaram para Calama) e a infraestrutura que a empresa mostra ter com os recursos humanos da região e do meio ambiente. A cidade de Calama tem boa parte de seu desenvolvimento devido à empresa estatal. Até o telhado da igreja principal da cidade é feito todo de cobre.

Como havíamos economizado 1500 pesos chilenos para deixar o carro a noite, só poderíamos pegá-lo às 9hs. A visita estava marcada para as 8:30hs lá em Chuquicamata (16 km de Calama). Batemos na porta do estacionamento às 8:40 e ninguém atendeu. Quando finalmente o sr apareceu para abrir os portões e eu já estava com o motor da S10 ligado, aparece o dono com uma das calotas centrais do carro. Estranhamos, pois apesar de soltas, ela não teria soltado-se sozinha. Após montarmos, descobrimos que todas as outras 3 haviam sumido. Olhamos logo para os 3 simpáticos cãezinhos de 50 kilos cada que estavam cuidando do terreno. Eles tiraram as 4 calotas e destruíram parcialmente uma delas roendo-a. Montamos do jeito que dava e saímos feito loucos pela estrada muito bem asfaltada de limite 100km/h para a mina.

É mostrado um vídeo, depois de 1 hora de espera para comermos um café da manhã de US5,00, em espanhol e em inglês institucional onde dá uma boa idéia do tamanho da empresa e do seu compromisso com o meio ambiente (é certificada ISO14001 e recicla a água escassa que utiliza 8 vezes – espera não poluir nada mais até em 5 anos). Mas, apesar de tudo isto, a cidade a sua volta terá que ser desocupada em pouco tempo por causa da poluição do ar e algumas construções, como o hospital da região, que já foi tido como o melhor de toda a província a 10 anos atrás, terá que ser abandonado em pouco tempo pois a montanha de dejetos que sobram do processo de extração está tomando conta do terreno.

Para a mineradora, é mais barato construir outro prédio para o hospital (e será feito) do que transferir a montanha de dejetos da mina. As escavações estão exatamente sobre uma falha geológica, de tal forma que, a metade norte do pit não produz nada e a outra metade tem grandes concentrações de cobre. Como a escavação é circular, todo o material que é retirado de uma metade é puro entulho.

O furo hoje já possui 850 metros de profundidade e espera-se continuar cavando por mais 30 anos, chegando-se a 1600 metros de profundidade, quando outros 2 projetos de escavação subterrânea entrarem em produção e aí espera-se que a produtividade e a rentabilidade da mina aumente muito mais. Com estes 2 projetos e com a quantidade de minério já descoberta, o Chile poderá ser facilmente produtor de Cobre por mais 800 anos.

A Cia mineradora em Chuquicamata foi formada em 1915 com capital de empresas americanas. Em 1969, o governo chileno arrematou 51% do capital social das mão da Cia de Exploration of Chile e, no governo Pinochet, a empresa foi nacionalizada. Hoje possui 8000 funcionários e tem capacidade de produção de 600.000 ton de cobre por ano, que é exportado para os maiores mercados mundiais. Como subproduto do refino do Cobre, é extraído Molibdênio (para cada 1 tonelada de rocha, extrai-se 10 kilos de Cu e 100 g de Mo). Devido ao porte, esta planta é a primeira e a maior produtora de molibdênio da América do Sul.

A visita é excelente, apesar de não podermos ver a fundição, parte do processo de separação do cobre por derretimento da massa de concentrado.

A planta consome 880MW de energia elétrica por hora, o que é mais do que a cidade de Santiago consome em 2 semanas. Os caminhões que transportam a terra retirada da mina podem transportar de 170 a 400 toneladas de cada vez. Consomem 1000 litros de Diesel por 8 horas de trabalho cada um.

Os folders distribuídos e as informações são excelentes e dão uma excelente idéia dos dois processos de separação de Cobre (o outro é por banho com ácido sulfúrico). O audio-visual também é muito bom!

Voltamos às 12hs para Calama, onde pegamos as mochilas no hotel, eu tomei um banho enquanto o Rafael rearranjava a S10 e almoçamos no mesmo lugar de ontem – Café Viena. Trocamos mais US$100 (a 560 pesos no banco Sud Americano), compramos comida no supermercado da região, abastecemos e seguimos para San Pedro de Atacama.

Chegamos às 15:30 debaixo de um sol esturricante e após 98 quilômetros de uma estrada excelente.

São Pedro de Atacama, com 970 hab e 2600 MSNM, fica em uma imensa planície entre a Cordilheira da Costa (por onde chegamos de Calama) e a Cordilheira dos Andes. Na porta de entrada do oásis, já passamos pelo meio da linda Cordilheira de sal onde, à esquerda de quem chega a S. Pedro, tem o Valle da Morte e, à direita, o Valle de La Luna (marcamos os pontos de entrada aos dois no GPS). São montanhas basicamente de sal muito altas e que dão um visual fantástico de S. Pedro.

A cidade tem muitas árvores, graças à irrigação e das pequenas passagens de água nas sarjetas de todas as suas ruas. Vê-se muitas agências de turismo (p/os vários passeios da região), a plaza de Armas presente em todas as outras cidades, os carabineiros (que estão em todos os lugares) e muitos turistas – por aqui há mais gringos e alemães do que em qualquer outro lugar visitado por nós aqui no Chile.

Buscamos um centro de informações, na plaza de Armas, claro, mas a oficina de informações turísticas estava fechada (dizem que fecha de 6 feira). Viemos a saber depois, no meio do Valle de La Luna, (por termos entrado onde não de veríamos de carro), que o posto da CONAF, na saída de San pedro para Toconao era maior e melhor (e é mesmo…).

Vendo a turba de turistas que chegava, tratamos de logo achar uma pousada para ficar nos próximos 3 dias. Aqui há pousadas para todos os gostos: desde campings para dormir no carro até hotéis confortáveis e caros (US$140/dia p/2 pessoas). Em uma agência de turismo, pegamos dicas e preços dos passeios que deveríamos fazer na região.

Por sorte, achamos uma pousada que também é agência e turismo muito boa, quarto privado com banheiro compartido, por 5000 pesos (menos que US10 por pessoa) – Pousada Corvatsch.

Deixamos grande parte de nossas malas no espaçoso quarto e saímos 16:30hs para buscarmos uma forma de self turism em uma cidade onde há pacotes para tudo. Já que tínhamos uma camionete 4x4, deveríamos colocá-la em todos os buracos a que tínhamos direito. Descobrimos que há passeios que é possível fazer com os mapas que nos são fornecidos pelas oficinas de informação. Apenas um, o geisers de El Taito que precisaríamos de seguir alguma Van para não perdermos o espetáculo que só vai até 8hs de forma mais intensa.

Descobrimos na agência que, às 16:30hs, sairiam vans para o Valle de La Luna passando pelo Valle da Morte. Assim, seguimos para a entrada da ciade e seguimos um micro ônibus que passava com turistas. Sabíamos também que haveria uma entrada na estrada que chegamos de Calama para o Valle de La Luna e poderíamos ir para lá caso nos perdêssemos. Mal sabíamos que o micro ônibus seguiria para o Valle da Morte que é para frente da entrada do Valle de la Luna. Assim, deixamos o nosso guia e fomos sozinhos para o Valle de La Luna. – que é muito lindo. Mas gostaríamos de ver o por do sol por lá e aproveitar que ainda era 17:30 (escurece às 20:20hs) para encontrar o Valle da Morte.

O acesso ao Valle de la Luna é muito bom e sinalizado. Cruzamos todo o vale e saimos na estrada de Calama de novo. Voltando para S. Pedro achamos algumas vans e BINGO! Achamos a entrada para o Valle da Morte (e até marcamos no GPS) seguindo esta van. Por baixo, o vale dá acesso às dunas e à subida par o mirador. A única sinalização existente é uma placa: Cordilheira de Sal <+>. Seguindo nosso novo guia por mais 2 quilômetros, chegamos à uma linda caverna de sal (que também marcamos no GPS) e que tem 15 metros sob a terra. Por dentro, o sal aparece na sua forma conhecida: cristais brancos.

Achamos uns brasileiros no meio da excursão e os seguimos para as dunas do Valle da morte. Vimos muitos descendo o caminho pelo vale e descobrimos depois que há um mirante acima onde as vans deixam as pessoas e elas descem a pé. Não subimos para não perder o nosso guia pelo Valle de la Luna de novo. Neste vale, a beleza é evidente, cristais de sal por todos os lados,o chão com sal cristalizado formando um piso lisinho (é formado pelas poucas chuvas do inverno boliviano) e, no caminho, através de um guarda parque, descobrimos que a região tem algumas minas que sobraram enterradas da época de 1971 da guerra do Chile com a Argentina.

Já era 19hs e decidimos voltar para o Valle da Morte para completar o percurso, afinal, ainda teríamos 1h para ver o por do sol no Valle de La Luna. Voltando pela entrada que conhecíamos ao Valle de Morte, encontramos uma Nissan Frontier branca atolada na areia do caminho. Rebocamos os chilenos (com direito a foto) com a nossa super 4x4 – eles tiveram muita sorte pois ninguém mais passaria por lá… e seguimos a subida a pé, descobrindo que era uma puta pernada… Aí descobrimos que há outra entrada superior bem mais perto do mirante que procurávamos.

Voltamos para o hotel cansado mas felizes com as lindas fotos do por do sol e eu com o dedão machucado por ter chutado uma pedra. Descobrimos que o gerador de energia elétrica da cidade dá uns piripaques e a luz dura uns 10 minutos e apaga novamente, por umas 5 vezes. Quando deixa tudo às escuras, San Pedro revela um céu único, parecendo um planetário – com tantas estrela como nunca vimos. Afinal de contas, este é um dos céus mais limpos do mundo e por isto tem vários observatórios.

Mesmo sem luz, o Rafael nos fez uma macarronada com lanterna mesmo!

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