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04/Fevereiro/2001 - domingo
Cochabamba (Bolívia) - Sta. Cruz de la Sierra (Bolívia)
Motorista: Claudio
Km inicial: 16162 km
Km final: 16684 km
Km percorrida: 522 km
Condição de tempo: nublado com pancadas de chuva

Acordamos as 8:30hs, arrumamos nossas tralhas e fomos conferir o café da manhã. O serviço era um pouco demorado, mas valeu a pena, pois havia torradas, pão, geléia, suco de mamão com laranja, ovo frito e café com leite. O tempo estava se abrindo e fomos dar uma olhada na cidade de dia. Passamos pela universidade da Bolívia, onde segundo o pessoal do hotel, muitos brasileiros estudam lá.

Depois fomos a lagoa Lalai, que não é uma Lagoa, mas sim um pequeno laguinho, com algunns campos de futebol e pista de cooper em volta. Mas adiante estava o ponto mais alto da cidade, que era o Cristo de La Concordia. Subimos até la de carro, havia a opção de se subir de teleférico ou a pé, o visual é muito bonito, pois se tem uma vista completa da cidade. Tiramos algumas fotos e decidimos cair na estrada, pois ainda faltava muito chão para o Brasil. (Segundo nossos calculos 1100 km).

Começamos a observar nos carros uma coisa interessante e bastante inusitada, que são os carros com o Volante no Lado Esquerdo (o correto para este país) e o painel de instrumentos no lado direito. São carros Japoseses (Toyota e Nissan) que são adaptados para rodarem com a direção no lado esquerdo, já que no Japão é ao contrário.

A estrada continua a mesma, pista simples com as famosas cobranças de peaje. Mas no geral a estrada não está tão boa assim. Há pouca sinalização, é bastante sinuosa com muitas subidas e descidas. Próximo as cidade há muito movimento de animais, pessoas e carros. Uma completa bagunça.

Ha mais ou menos 100 km de Cochabamba há uma serra, que estão arrumando suas encostas, pois deslizou tudo. Mas o que é mais interessante é que nos trechos que a encosta desceu, não há sinalização nenhuma. Simplesmente o asfalto acaba e a sua frente você vê so terra e pedras. Muito Perigoso… Também há os túneis sem nenhuma iluminação. Isso faz com que você entre no mesmo e não enxergue nada por alguns segundos. Emoção a toda prova. Mas os cachorros, continuam lá, firmes e fortes a beira da rodovia e com muita chuva esperando algo para sobreviver… O visual da estrada mudou bastante, com muitas panadas de chuva e muito mato a sua volta.

Mais surpresas, um pouco mais adiante havia uma barreira policial, na mais pura lama, onde revistavam todos. Nos pararam e pediram para olhar as coisas nas caçamba. Começamos a conversar com os guardas, e estes foram se abrindo, até que no final só deram uma olhada rápida nas malas de dentro do carro e na caçamba. Mas estes pediram uma cerveja, dissemos que não tínhamos cerveja, mas sim um velho e bom guaraná. Demos uma lata para ele e ele nos deixou ir embora alegre e saltitante.

A lama no posto policial indicava que a estrada asfaltada acabava ali, dai para frente (+- 30km) era só lama, buracos e muitos caminhões. A estrada estava péssima, com tratores tendo que puxar os caminhões na picada que era a estrada.

Depois desse trecho ruim a estrada melhora bastante, e o calor também, pois estamos praticamente a nível do mar (250 MSNM), o que nos obriga a usar o A/C.

O visual na beira da estrada continua sendo de bastante pobreza, com muitos pedintes e cachorros pedindo comida. Mas os policiais, ah! Estes sim, que não mudaram nada. Passamos por nada menos que umas 5 barreiras policiais, em cada uma estes pediam um documento diferente, e depois pediram na cara dura um dinheiro para a passagem!

É inacreditável como eles pedem dinheiro sem o menor escrupulo, ainda mais de nós que somos brasileiros. É péssimo ter que passar por este tipo de constrangimento em cada barreira. Chegamos ao cumulo de em uma das barreiras, deixar propositalmente 5 bolivianos no meio da carteria internacional de motorista, só para ver no que ia dar.

Quando o policial abriu a carteira, caiu o dinheiro, este já disse "Sorte!, Este es para mim?", disse que sim, e este ainda teve a pachorra de pedir se não tinha mais 5 bolivianos. Num outro posto, o policial sem o menor preparo, pediu nosso passaporte e começou a olhar as folhas do passaporte, quando passou pelo visto dos EUA, este parou e perguntou para que servia aquilo. Nem ao menos olhou o visto de entrada na Bolívia! Estávamos estressadíssimos com essa situação, tanto que a cada barreira tínhamos úlceras para ver no que dava.

Mas, finalmente chegamos em Santa Cruz de La Sierra, é uma cidade nova e que parece, bem planejada, pois tem avenidas chamadas de anillos, que são anéis que circundam a zona central e vão se afastando em direção ao bairro. Abastecemos o carro e trocamos alguns dólares por bolivianos, pois tinhamos que atender o fome dos guardas no dia seguinte.

Acabamos por achar um hotel bastante simpático e novo no centro da cidade, pelo preço de razoáveis US$ 25,00, deixamos as coisas lá, tomamos um banho e fomos bater pernas no centro tentando achar algo para comer. O Claudio foi num Mc Entulho, e eu fui a uma sanduicheria local, para ver o que eles ofereciam. Era um local onde você pedia um pão com um bifinho a milanesa e havia mais de 30 acompanhamentos para você colocar neste pão.

Foi realmente muito gostosa a janta. Voltamos para o hotel, e mais uma surpresa, havia TV a cabo, com a rede Globo. Pudemos assistir ao Fantástico, e ainda por cima dar muitas risadas com as propagandas, pois esse canal é direcionado para operadoras de TV a cabo do exterior, mais precisamente para os EUA, portanto é cheio de propagandas de médicos Brasileiros em Miami e bugigangas brasileiras para quem vive lá. Dormimos cedo, pois o dia amanhã ia ser longo. Descobrimos que de Santa Cruz até o Brasil são 700 km, desses 650 km por terra!!!

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