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05/Fevereiro/2001 - segunda-feira
Sta. Cruz de la Sierra (Bolívia)- Robore (Bolívia)
Motorista: Rafael (Cláudio em alguns trechos pequenos)
Km inicial: 16684 km
Km final: 17200 km
Km percorrida: 516 km
Condição de tempo: sol forte e muito calor

Acordamos pela primeira vez em nossa viagem realmente cedo, eram 6 hs e já estávamos de pé, com as tralhas arrumadas, só que tivemos um pequeno atraso, pois o café da manhã só era servido apartir das 7hs, bom tivemos que esperar a boa vontade do único atendente do hotel, para fazer o tempo passar, ficamos vendo o bom dia São Paulo e vendo a situação caótica do trânsito.

Saímos as 8hs e caímos na estrada. No começo beleza, bastante movimento e asfalto bom até Coto, dai para frente acabamos por "seguir" um carro boliviano que estava mantendo uma boa média de velocidade, técnica essa usada para tirar um pouco de atenção dos policiais. Só que isso acabou nos custando carro, pois sem perceber acabamos mundando nossa direção e seguíamos para Norte ao invés de Leste. Lá na frente, este carro parou, e como já achávamos estranha a direção, resolvemos perguntar. Pra variar estávamos errados, e tivemos que voltar pela mesma estrada, que estáva com um asfalto péssimo, mais ou menos 35 km, ou seja esse erro nos custou 70km. A indicação para a cidade que íamos (Tres Cruces) erá muito ruim, apenas com uma placa, abaixo de um enorme letreiro de uma cervejaria.

Ai começava nosso martírio, pois acabou o asfalto e era só terra. No começo até que estava bem, andávamos a 70 km/h, só que depois de uns 10km, a estrada piora muito e nossa média caía para 40 km/h. O calor era descomunal, sendo impossível desligar o Ar condicionado. A poeira então era coisa de outro mundo, pois quando passava um carro do outro lado (isso demorava muito), você não enxergava nada por quase 1 minuto. Era uma poira fina, quase um talco, proveniente de lama que secou. É uma região bastante árida, com plantações de soja por todo o lado.

O indicador de distância até o Brsail do GPS custava a diminuir, isso foi fazendo com que nosso cansaço fosse cada vez maior. Ainda bem que tínhamos anotado os nomes das cidade que íamos passar, pois perguntávamos a toda hora para certificar do caminho correto. A estrada tem muitas bifircações, e um erro ali ia ser doloroso.

Seguíamos razoavelmente bem, apenas com o stress dos buracos que apareciam do nada e um ruído proveniente da suspensão dianteira esquerda.

Mais adiante, mais ou menos a uns 150 km de Sta. Cruz, acabaram-se as fazendas, e começou a aparecer muito mato na beira da estrada e montanhas. Isso fez com que a estrada piorasse muito, com muitos buracos e pedras pontiagudas. Tivemos até que cruzar uma boiada que ia pela estrada. Conseguimos com muito custo chegar a São José dos Chiqutitos, cidade esta que fica a 266 km de Sta. Cruz.

A cidade era a única que oferecia um pouco mais de infraestrutura, poís as "cidades" que tínhamos cruzando até agora não passavam de vilas, com um amontoado de casas e alguns bares. Um pouco antes de chegar, pegamos uma pancada de chuva, o que nos deu uma amostra de como seria dirigir se tudo aquilo estivesse molhado. O carro parecia que tinha sabonete nas rodas, pois não parava na pista, mesmo com o 4x4 ligado. Graças a Deus que a pista estáva seca, pois ia ser impossível chegar no Brasil. Chegamos na cidade já eram 17:00hs, paramos no único posto de combustível da cidade, mas para a nossa surpresa este estava fechado, pois não havia energia elétrica. No mesmo local havia dois bolivianos com uma Toyota Hilux, decidimos pedir informações de como chegar até Porto Suares, que é a cidade que faz divisa com o Brasil.

Estes deram risada da nossa cara, e disseram: "Vocês tem muita coragem!". É, tínhamos que ter mesmo, pois era a nossa única esperança. Eles nos disseram que era melhor nos ficarmos em Robore, que estava a mais 120km dali, e poderia nos oferecer uma melhor infraestrutura. Deram dicas sobre o caminho, pois tínhamos que fazer um desvio de nossa rota prevista, pois esta estrada estava intransitável, e tinham construído uma outra que passava por uma outra ciadade, Chuchis.

Disseram também que nosso carro era um pouco baixo para cruzar alguns trechos mais adiante, mas que remédio, infelizmente nossa S10 não era tão alta como as Toyotas deles, com quase 50cm do chão.

Decidimos seguir adiante, pois tínhamos algumas horas de sol ainda, e precisávamos ganhar tempo.

Chegamos até a entrada da estrada nova. Era simplesmente uma estrada recém rasgada no meio da mata, que estava bastante fofa e com máquinas trabalhando nela. Mas o pior ainda estava por vir… Um pouco mais adiante, onde as máquinas já não mexiam ha algum tempo, nos deparamos com enormes facões, que são valetas abertas pelos caminhões na terra fofa do local.

Teve um trecho que por muito pouco não ficamos atolados, pois tinha um facão muito alto, terra fofa e muitas ondulações. Graças as proteções em baixo do carro, conseguimos, meio que por arraste e pela inércia de carro cruzar o trecho, mas se parassemos, adeus. Não havia como sair… Tivemos também muitos trechos com areia fofa e instabilidade do terreno, que obrigava a ficarmos 100% do tempo ligado na estrada e ligando e desligando o 4x4. Um stress só!

Tanto stress, que após passarmos a cidade de Chuchis, tivemos que dar uma parada para podermos relaxar. O Cláudio teve queda de pressão, e os estômagos de nos dois roia por dentro, pois não tínhamos almoçado nada, e já eram mais de 19:30hs.

Muito depois do sor se por, e a estrada melhorar um pouco, conseguimos chegar em Robore. Passava das 21:00 hs, e conseguimos achar um local para pernoitar. Um residencial bastante simples, mas que pelo menos tinha bons chuveiros e camas boas. Apesar do calor quase insuportável.

Fomos comer algo na praça central, e comemos um tapa buraco que se parecia com um chesse-burger, mas pelo menos aliviou nossas dores de estômago. Notamos uma coisa muito interessante nesta cidade, os carros são na maioria deles brasileiros, só que com um problema. Todos sem placas. Isso mesmo, são carros que vem do Brasil de forma escusa e ficam rodando por Robore sem o menor problema. Tem casos de carros com adesivos de concessionárias conhecidas de nós e caminhões que eles nem tiveram o cuidado de pintar o número da placa do Brasil pintada na carroceria. Ficamos realmente assustados.

Se de Cochabamba até Santa Cruz de La Sierra, tínhamos sido parados inúmeras vezes, de Santa Cruz de La Sierra até aqui, e acreditamos que daqui para frente não cruzamos por nenhuma barreira policial. Aqui parece uma terra de ninguém. Só não é de ninguém, pois tivemos que pagar pedágio para circular por uma picada que eles chamam de estrada!

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