Triângulo na América

 

H o m e
Quem Somos
Resumo
Roteiro

Diário de Bordo

Dicas
Lista Materiais
Números
Fotos
Agradecimentos
Links

Dia Anterior | Próximo dia

24/Janeiro/2001 - quarta-feira
Copiapó - Antofagasta
Motorista: Rafael 614 km
Km inicial: 11588 km
Km final: 12202 km
K m percorrida: 614
Condição de tempo: bom - com sol e temperatura agradável, apesar de muito vento no trecho final

Acordamos às 7:30 após mais uma boa noite de sono. O silêncio e o frio da noite cooperaram para descansarmos bastante após o dia todo na estrada. Andamos pelo centro nervoso da cidade e, como tudo abria depois das 10 da manhã, tiramos algumas fotos para esperarmos a única casa de cambio onde poderíamos trocar nossos dólares e o museo mineralógico. Com tudo aberto, descobrimos que, como nenhum banco troca dólares por aqui (há um limite de US$500 mínimo) as taxas para câmbio não são nada boas. Preferimos ficar com os poucos pesos que restam (menos do que 10 reais) pois verificamos que não há mais peajes até Antofagasta.

Saimos do hotel às 11hs com uma temperatura de 29ºC (agora instalamos um termômetro na coluna A da S10 para termos a temperatura do coche.

O museo cobra apenas 500 pesos para entrada, está vinculado à Universidad do Atacama (que possui um campus grande por aqui) mas não possui muitas atrações – preferimos continuar viagem depois de tirar algumas outras fotos da primeira locomotiva da América do Sul e da primeira estação ferro carril (estación de Copiapó, construida en 1854). Esta estação foi construída para transportar minérios (principalmente prata) até o porto de Caldera. Devido ainda às minas, em Copiapó, foram instalados os primeiros telefones e telégrafos do Chile.

Copiapó está no vale ao norte do rio Copiapó, 330 km ao norte de La Serena, 800 km ao norte de Santiago e 565km ao sul de Antofagasta.

Infelizmente, o museu da estação ferroviária da cidade estava fechado (e até mal conservado) e não tínhamos muito tempo para visitar os vários prédios da Universidad de Atacama (como o Palacete Viña de Cristo).

Apesar das poucas opções para abastecimento, completamos mais uma vez o tanque pois daqui para frente não teremos muitos postos. Com o sol a temperatura cresce rapidamente e começa a ter algum desconforto.

Paramos para ver umas frutas (duraznos (pêssegos) e uvas). Por 500 pesos compra-se 1,5 kg de uvas moscatel sem semente (uvas verdes muito saborosas).

A solução de trazermos CDs gravados com músicas MP3 foi perfeita. Estamos viajando há mais de 10 dias e ainda temos novas músicas para ouvir. É essencial ouvir Marisa Monte nos grandes retões da ruta 5 pelo meio do deserto, até porque não há nada há muitos quilômetros de distância da estrada que não seja a paisagem árida de pequenos morros cobertos por uma vegetação seca. Este panorama persiste ainda mais quando nos distanciamos de Copiapó (e do rio que mantém uma vegetação um pouco mais verde).

A 70 km ao norte de Copiapó, tem-se à esquerda o Pacífico e aí é interessante ver uma região tão ressequida e sem vegetação contrastando com a imensidão azul do Oceano. Esta é a região do Porto Calderas (Chañaral) mas, mesmo assim, não se vê cidade alguma (só alguns postos de gasolina e algumas hospedarias).

A 110 km de Copiapó (13hs) tivemos que parar para conferir as "playas" do lugar. Na verdade não são praias mas possuem umas pedras que indicam que o oceano pode ter sido o deserto ou melhor, o deserto algum dia já foi um oceano. Há conchinhas por todo o lado, mesmo longe do mar, que é muito gelado e forte. As ondas batem nas pedras dando um lindo visual. Andando mais um pouco, há até alguns lugares com areia onde talvez dê para pegar uma praia, mas só vimos alguns casebres com aborígenes mesmo. Há tubulação paralela à pista que acreditamos que seja água para consumo, tendo em vista que aqui não chove há uns bons anos… Esta região está na mesma latitude que o litoral norte de São Paulo mas o oceano é muito mais frio…

Apesar do vento estar fresco, o termômetro que está no sol, mas dentro do carro, estava marcando 39ºC. Ainda bem que a sensação térmica é bem melhor do que isto!

Após 139 km, 13:25, chegamos ao balneário Flamenco, no meio do deserto, com casas de madeira e a praia enorme.

O número de praias com pessoas aumenta até que cruzamos um terminal marítimo com grandes embarcações. Há também grandes tanques para armazenamento de ácido sulfúrico. Este terminal está em Chañaral.

O centro de Chañaral (12000 hab) é muito simples, no meio de muito pó. As casas são de madeira com telhados apenas para proteger do sol. Tem o porto como um dos principais pontos além do parque nacional Pan de Azucar, à 28 km do centro. Como estávamos atrasados e a entrada era de US$7 por pessoa, preferimos continuar viagem. Segundo o guia, é um parque reconhecido na região de 43.000ha de vegetação desértica e a cordilheira.

O asfalto continua excelente e temos pela frente 300 km em linha reta ou quase 400 km até Antofogasta de puro deserto, agora longe do mar e com o clima bem mais seco. Mesmo assim, podemos andar sem o A/C ligado confortavelmente. A idéia de que o deserto é extremamente quente é duvidosa pois estamos com o sol a pino agora.

Chegamos ao km 1000 da Rodovia Panamericana às 14:20hs (esta rodovia tem o quilômetro 0 em Santiago).

Realmente não há nada disponível na estrada em 400 km! É absurdo acreditar que possa existir algum lugar onde se anda tanto sem nada por perto. É muito árido e ter uma pane por aqui significa esperar pela ajuda de alguém que está passando. Por sorte, não tivemos nenhum problema ou vimos alguém em apuros. O maior problema é ficar tanto tempo sem comer! Nós tínhamos apenas uvas e pêssegos para comer.

Há muitas cruzes a beira da estrada indicando que muitos já morreram por aqui, seja por abuso da velocidade ou pela hipnose que a estrada impõe ao motorista devido às poucas alterações de paisagem…

O Rafael conseguiu cruzar o deserto inteiro a 100km/h (é realmente inacreditável!). Nos poucos trechos que eu peguei, mantínhamos uma média de velocidade um pouco mais alta devido aos gigantescos retões e as paisagens imutantes pelos vários quilômetros da estrada…

Neste ritmo, chegaremos em Antofagasta (225.000 hab) às 18hs, cidade portuária, onde passa grande maioria dos minerais retirados do Atacama, principalmente cobre de Chuquicamata. É também um importante ponto de importação e exportação da Bolívia (que perdeu esta região para o Chile durante a Guerra do Pacífico). Fundada em 1870 com o nome de La Chimba, Antofagasta recebe pouquíssima chuva (como toda a parte costeira do Norte Grande do Chile) mas tem um clima ideal, claro e seco mas não tão quente ou frio em qualquer época do ano.

A 70 km antes de Antofagasta, há um monumento, feito por Mário Irrarrázaval, que é uma mão, com os dedos para cima no meio do deserto. Canaliza a ventania por aqui de forma a que, se tentarmos passar pelo meio do polegar e os demais dedos, o vento nos empurra para longe. Infelizmente está pixada, mas mantém a sua forma original.

Chegando-se a Antofagasta, os morros aumentam de tamanho e quantidade tornando a Panamericana sinuosa. O asfalto continua perfeito!

Às 18hs, chegamos à Antofagasta, com umas casas coloridas e sobre o morro. Já estamos de novo na beira do Pacífico. A cidade fica em um morro com vista para o mar.

A Panamericana Norte-Sul passa a 15 km leste da cidade, mas os acessos são asfaltados. Antofagasta tem um dos climas mais uniformes do mundo, não varia nunca, não existem estações do ano. Ou seja nada de verão, nem inverno. É sempre quente e sem chuva. Notamos também que durante toda a panamericana tem cruzes na beira da estrada, a princípio achamos que eram lembranças de pessoas mortas na estrada. Mas depois observando com mais calma, notamos que eram lápides mesmo, onde as pessoas foram enterradas. Tem algumas muito bonitinhas, como se fossem pequenas capelinhas. Outra coisa, é que vimos bastante observatórios no caminho, isto se deve ao fato de que o Chile tem um dos melhores pontos para observação dos astros, pudemos comprovar isso ontem a noite.

Nosso primeiro ponto são as ruínas de Huanchaca (que já estão a sul da Av. Argentina). Em 1902, foram encerradas as explorações de prata neste local após 19 anos de exploração chegando a processar 200 ton de prata por dia.

Achamos o lugar para trocar mais US$100 (na Baquedano mesmo mas não nos lugares recomendados pelo Lonely Planet) por pesos e um hotel bem no centro – nada com ver tudo ao mesmo tempo. Após uma rápida olhada no quarto, decidimos ficar no hotel Brasil (JS OSSA 1978). É um hotel simples, com muitos quartos e a maioria deles sem banheiro (somente os matrimoniais os tinham). Mas pelo menos tinha TV, com Discovery Channel !!! Fomos dar uma volta pela cidade, passamos pela Praça Cólon, onde há uma réplica do relógio Big Ben. Depois fomos ao terminal pesqueiro/ resguardo marítimo (Barrio Histórico). O local é bonitinho, pois foi onde começou a cidade de Antofagasta, mas tem um cheiro insuportável de peixe morto e produtos químicos (Muelle Salitrero e porto de nitrato, porto maritimo 1910). Tiramos algumas fotos, e fomos embora rapidamente. Seguindo adiante pela avenida Balmaceda, que é a Av. Beira mar deles, chegamos ao Balneário municipal, onde o povo pode ter alguma chance de se banhar, pois a praia no geral é de tombo, com ondas muito grandes e pedras no fundo. Nesse local, a prefeitura fez uma especie de dique, para conter a força do mar e dar condições do povo tomar banho numa água de aspecto e cheiro horrível. ECCCAA!!! O mais interessante é que tinha um Mc Entulho ao lado, quase dentro do mar. Retornamos as ruínas de Huanchaca para uma inspeção mais detalhada, mas agora da parte inferior. É impressionante a grandiosidade das construções. Vimos o por do sol, tiramos uma foto da cidade a noite e voltamos para o hotel para tomarmos um banho e jantarmos. Fomos comer uma pizza na Pizzaria Pizzanté, a porção era generosa, mas nada comparável ao Brasil. Tentamos na volta passar na sorveteria local, no centro, mas esta estava fechada. É o jeito foi dormir mesmo…

Dia Anterior | Próximo dia

 
  Home | Matérias | Info | Siglas | Quem Somos | Links | E-mail