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25/Janeiro/2001 - quinta-feira
Antofagasta (Chile) - Calama (Chile)
Calama (Chile) - Toconce (Chile) - Calama (Chile)
Motorista: Claudio 310 km
Km inicial: 12202 km (12554 saindo de Calama)
Km final: 12723 km
Km percorrida: 519 km
Condição de tempo: bom - com sol e temperatura alta

Atrasamos um pouco no despertar hoje, saímos do hotel as 9:30, sem café, pois a pessoa que fazia café não apareceu. Mais uma volta pela cidade de Antofagasta, foi suficiente para perceber a quantidade de pessoas acampadas próximo ao litoral – por que não se pode chamar de praias os costões rochosos onde alguns teimam em entrar.

Fomos ao monumento La Portada, que fica ao norte da cidade (25 km do centro), um pouco antes do aeroporto, e é um dos pontos turísticos da cidade. O litoral norte também é cheio de falésias dificultando o acesso. La chegando, nos decepcionamos um pouco, pois é uma pedra furada no meio do mar, esculpida pela erosão. Parece um pouco a Pedra Furada em Jericoaquara, só que lá é bem maior e você pode passar por dentro do furo.

Tem umas falésias bonitas também, mas nada muito entusiasmante. Voltamos e rumamos a Calama, após algumas voltas pela cidade, pois a sinalização é péssima e nosso mapa não cobria esta região, conseguimos saír da cidade as 10:40. Notamos que o povo gosta de Djavan aqui, pois escutamos duas músicas dele em espanhol nas rádios locais.

As 11:20 cruzamos pelo tão esperado Trópico de capricórnio, ou seja estamos na mesma latitude de São Paulo, só que a 2374km de distância. O visual nada se assemelha à aquela marca na rodovia Ayrton Senna…A estrada é perfeita e com pouco movimento. Chegamos em Calama as 13:00 e fomos direto a Chuquicamata para tentarmos visitar as minas da Codelco, só que não foi possível, pois as visitas são feitas somente em dias da semana as 8:30hs da manhã e às 10hs aos finais de semana.

É recomendado passar em Calama, no centro de informações turísticas pois não há como fazer reservas antecipadas. Entre ficar hospedados na pequena San Pedro de Atacama (1000 hab) e já sabemos que será mais cara, preferimos nos hospedar em Calama onde as opções são maiores (200.000 hab). O calor é intenso e algumas obras no centro foram suficientes para complicar o pequeno trânsito da cidade.

A Oficina de Informações turísticas de Calama (pequeno prédio no centro da cidade) tem o horário de muitas cidades do interior do Brasil – que fecham para a sesta do almoço. Assim, só reabriu às 15hs (até as 18hs). Até lá, fomos à R. Vivar, onde concentram-se 3 pousadas com preços acessíveis. Demos uma olhada em 3, uma delas estáva cheia, e dentre as duas restantes ficamos com o Nuovo Hotel Los Andes (R. Vivar, 1920 , um local muito pitoresco, com baño compartilhado, mas pelo menos o teco de espuma na cama era de boa qualidade, e o preço também, apenas 7000 Pesos Chilenos ou +- US$10,50. Fomos ao centro de informações turísticas, onde pegamos algumas dicas da cidade e fomos almoçar, pois até agora só tinhamos comido uvas e pessegos.

Fomos no restaurante inicado no centro de informações, mas era uma boqueta sem tamanho, todo sujo. Bom, voltamos para trás e na esquina seguinte (B. Espinoza com Abaroa) tinha o Café Viena, onde comemos um delicioso prato local (Lomo a La Pobre – Bife de vaca, batatas fritas, ovos fritos e arroz) por apenas 2900 pesos cada.

Aproveitando as horas de sol de hoje, saímos para Chiu Chiu, onde está a primeira igreja construída no Chile. Seguindo o mapa que deram e acreditando que as estradas de rípio da região estivessem boas, partimos para as cidadelas da região de Calama. Saindo de Chiu Chiu, onde só vimos a primeira igrja do Chile que parece ser de 1851 conforme estava gravado nos sinos da igreja, encontramos uma excelente estrada de rípio onde chegamos facilmente a velocidades de 100km/h e média de 80 km/h. Passamos, a poucos quilômetros de Chui Chui, á lagoa com o mesmo nome da cidade, com suas águas límpidas e profundidade desconhecida (segundo os habitantes do local). As águas são geladas apesar de estarmos no meio do deserto. Alguma vegetação nasce em suas bordas contrastando com o areião amarelo de toda a volta.

Após 29 km, chega-se à Ayquina, cidade cravada no meio do deserto, servida pelas águas do rio salado e do canyon que faz sua porta de entrada. Os casebres simples e com os tetos cobertos de pedras de seus 40 habitantes são ocupados por pessoas reservadas e que mal são vistas (só vimos algumas pessoas construindo mais uma casinha com as pedras da região (as pedras são encaixadas como em um quebra cabeças para formar as paredes). Pelas "ruas" há alguns santuários e todas as casas tem cercados para a criação de animais e algumas plantas da região. Tiramos foto das primeiras llamas de nossa viagem – simpáticas dentro de seu cercadinho.

De Ayquina, voltamos para a "estrada" principal onde seguimos mais 18 km até Toconce. Estávamos preocupados com o anoitecer, que se daria em 1 hora (às 21:15hs), pois a estrada, apesar de bem sinalizada, tinha algumas bifurcações que poderiam nos confundir. O rípio ficou ainda melhor, o que nos estimulou a conhecer a região tão pitoresca. Assim, após passar por alguns trechos molhados para não levantar tanta poeira (tivemos que vedar toda a caçamba com panos para as bagagens não ficarem cobertas pela poeira e ligar o ventilador interno (estava frio) para não entrar poeira pelas coberturas das colunas B (principalmente) e entupirmo-nos de terra.

Ao longe, via-se nuvens carregadas que, num primeiro momento, poderia parecer tempestade de areia mas, ao entrarmos nela, descobrimos que era chuva! Estava chovendo no deserto!!! Pegamos o trecho dos canyons no meio da chuva (e tivemos que tirar foto, é claro, do carro molhado naquela região seca e poeirenta) e cruzamos algumas obras de captação de água dos poucos filetes de água da região. Os canyons significaram curvas fechadas e descidas íngremes.

Toconce é uma cidade no meio do nada, à 3600 MSNM, com uma cabine para os carabineiros do Chile (que estão por toda as partes por aqui) e com casinhas mais simples e pequenas do que tudo. O silêncio só é cortado por pregadores de Deus que falam em megafones trechos da Bíblia. Um bom sistema de irrigação permite o cultivo de de hortaliças e a morada das pessoas.

A poucos quilômetros da cidade, há a entrada para a estação da ESSEN de captação de água do rio Toconce, onde 3 estações de captação represam água e a canalizam até Antofagasta, há 302 km, passando pelo meio do deserto do Atacama. Usamos o 4x4 para fazermos a trilha até as represas (+- 3km). É um canyon estreito, cruzando o filete de rio (depois das captações) 5 vezes. Estávamos curiosos para ver o sistema quando encontramos 3 funcionários que limpavam as calhas de água e controlavam as comportas pois havia chovido a pouco. A enxurrada que descia, visivelmente tinha maior volume de água do que o comum por ali. Como descia também muita sujeira, tinha que limpar-se as grelhas para não entupir os tubos de meio metro de diâmetro que levava a água através do deserto.

Começou a escurecer e ainda estávamos vendo todo aquele processo, eram 21:30hs e tínhamos ainda 91 km de rípio, no meio do deserto, para voltar para Calama. Além disto, as comportas estavam sendo abertas para dar conta da vazão que sempre crescia.

Tivemos que voltar às pressas pois sabíamos das travessias que tínhamos que passar. Aquele filete de água agora estava muito mais alto. Na primeira travessia, ligamos a tração integral e passamos com relativa facilidade. Já no segundo cruzamento, a passagem era mais funda e nos demais com certeza teríamos ainda muito mais dificuldade.

Passamos rápido (após a tradicional foto) e descemos depressa para não termos que dormir por ali mesmo. Por sorte, conseguimos alcançar a enxurrada que descia através das pedras com uma força que poderia arrastar o carro dependendo do trecho que deveríamos passar. O vale ia enchendo de água e podíamos manter uma velocidade que ns assegurava passar pelos pontos mais baixos antes que a água chegasse. Para termos mais um pouco de emoção, paramos nas duas últimas travessias para tirar fotos da água descendo pelo canyon. Após acabar a trilha, esperamos descer toda aquela água pela parte baixa de Toconce, onde uma canalização já a esperava.

Por ser muito isolada, a cidade era provida de luz elétrica a partir de geradores movidos a motores Diesel que agora estavam abandonados. Tiramos algumas fotos preto e branco daqueles motores 6 e 3 cilindros em linha já tomados pela ferrugem com os geradores acoplados. De volta à Calama, passamos por um deserto escuro e completamente silencioso onde paramos e curtimos o céu mais estrelado de nossas vidas!!! Só um carro dos carabineiros pode ser visto nos 100 km que percorremos a noite pelo deserto.

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